Faz pouco mais de um mês desde que o novo formato eterno do Magic Arena, Timeless, foi lançado oficialmente.
Nesse período, apenas alguns torneios de menor escala ocorreram na modalidade e o Metagame dele permanece em evolução, com os primeiros sinais do que funciona ou não aparecendo nas partidas ranqueadas da plataforma e nos dados dos eventos independentes.
Para muitos, o formato é a oportunidade perfeita para ter a experiência de um “Legacy lite” no ambiente virtual, mas sua unicidade é tão explicita que dificulta compará-lo com qualquer outra modalidade competitiva de Magic: ele conta com alguns cards que são banidos ou restritos até no Vintage enquanto não possui alguns dos mecanismos que estabelecem uma predominância da cor azul como o “fun police” do ambiente por meio de free spells como Daze ou Force of Will, colocando o Timeless em um limbo de nível de poder e inovação, criando um cenário inovador e ainda inexplorado em seu completo potencial.
Nas últimas semanas, tenho testado diversas variantes do meu arquétipo favorito de Magic, Death’s Shadow e, neste artigo, apresento uma abordagem mais agressiva do arquétipo onde trocamos as jogadas de valor pela capacidade de pressionar com um clock rápido e crescente cedo - o Rakdos Shadow.
O que é o Rakdos Shadow?

Inspirado em sua versão do Modern pré-MH2, o Rakdos Shadow é um deck Aggro que busca unir duas estruturas distintas: a já conhecida base de Death’s Shadow com Thoughtseize e o uso intencional de Fetch + Shock Lands para se auto infligir dano e a composição da base de Prowess para agredir o oponente desde os primeiros turnos, pavimentando o caminho para as cópias 5 a 8 de Death’s Shadow - Scourge of the Skyclaves.

Ad
A combinação de Prowess e Delirium é somada a um pacote de recursão e card advantage poderoso com Underworld Breach, onde podemos conjurar Mishra’s Bauble repetidas vezes para aumentar o poder das nossas criaturas e ainda comprar uma quantidade significativa de cards em um único turno.

Essa versão abdica das bombas de card advantage da estrutura dos Rakdos atuais, como Ragavan, Nimble Pilferer e Orcish Bowmasters para favorecer um plano de jogo mais proativo e rápido, capaz de jogar por baixo dos Big Mana e dos combos enquanto ainda oferece uma estratégia decente contra as outras estratégias baseadas em criaturas.
A Decklist
Essa é a lista que tenho utilizado nas partidas ranqueadas no Magic Arena.
Como o formato ainda é relativamente novo, ainda existem diversas possibilidades de builds para Death’s Shadow e diversos outros cards. No caso dos decks de Shadow, quando consideramos o pacote de valor dessas cores, a variante Rakdos parece a menos eficiente dentre elas se não fizermos algum esforço extra na sua elaboração, como seguir a rota do Rakdos Breach e usar o pacote de Storm - nesse caso, você já estaria se dando melhor jogando de Rakdos Breach.
O diferencial de Death’s Shadow no Timeless é a baixa punição do uso de Shock Lands desviradas, possibilitando melhor uso de uma terceira cor. As variantes de Grixis aproveitam dela para jogar com Expressive Iteration, Treasure Cruise e outros cards de Sideboard, enquanto as variantes com verde podem incluir Questing Druid e Tarmogoyf, além de utilizarem Veil of Summer.
Ad
Sem um diferencial prático que torne da base convencional mais interessante do que a de três cores, optei por essa abordagem mais agressiva em prol de vencer jogos mais rápido em detrimento dos famosos elementos de atrito do arquétipo.
Maindeck

Nossos one-drops.
O Rakdos Shadow busca maximizar o uso de Scourge of the Skyclaves como ameaças complementares. Logo, manter uma agressão constante desde os dois primeiros turnos é essencial para transformá-lo em um 4/4 e tirá-lo da zona de Lightning Bolt.
Monastery Swiftspear e Soul-Scar Mage interagem muito bem com nossa base de mágicas, e o fato de ambas possuírem Prowess permite algumas aberturas explosivas no meio da partida com Underworld Breach. Ambos também sobrevivem ao ping de Orcish Bowmasters e, normalmente, demandam uma troca igualitária de recursos contra eles.
Dragon’s Rage Channeler é uma staple do formato, ameaça voadora e ainda nos ajuda a filtrar o topo, além de múltiplas cópias dela expandirem o nosso potencial de looping com Underworld Breach e Mishra’s Bauble.

Ad
As peças que dão propósito ao deck.
Death’s Shadow é uma clássica ameaça barata. Com tantos efeitos de perda de vida e meios de trazer Shock Lands para o campo de batalha, não são raras as partidas em que ele já se torna um 4/4 no terceiro turno. Sua função é de prevalecer na maioria dos combates e punir o oponente por não conseguir estabelecer sua mesa, além de pressionar estratégias não-interativas.
O Timeless é um formato onde jogadores naturalmente já começam a partida tomando algum dano de suas Fetch Lands e Shock Lands, logo, Scourge of the Skyclaves recebe um suporte exemplar em se tornar uma ameaça no campo de batalha, servindo como complemento para Death’s Shadow e, ocasionalmente, tornando-se ainda mais letal do que seu antecessor.

O pacote de remoções.
Lightning Bolt é uma staple de múltiplos formatos e triplica suas funções no Rakdos Shadow, ampliando o poder de Scourge of the Skyclaves, matando uma criatura, ou até para finalizar a partida em combinação com nossas criaturas menores.
Fatal Push e Unholy Heat buscam responder casos distintos: enquanto este deck é excelente em habilitar o delírio e fazer com que Unholy Heat possa lidar até com Primeval Titan e Oko, Thief of Crowns, há situações onde ela se torna uma remoção muito lenta perante ameaças grandes que caíram no campo de batalha muito cedo, como Yawgmoth, Thran Physician ou Sheoldred, the Apocalypse - nesses casos, Fatal Push se torna uma interação mais eficiente.

Ad
Em geral, as listas de Shadow jogam com seis mágicas de descarte, mas como tomamos uma postura mais agressiva e o Metagame parece um pouco mais voltado para criaturas no momento, reduzimos o número delas para incluir duas remoções extras.
Thoughtseize ainda é o melhor descarte disponível do formato, sendo um dos poucos elementos que ajudam a manter estratégias mais degeneradas em cheque. Aqui, ele também interage com a temática de perda de vida de Death’s Shadow.

Mishra’s Bauble tem seu potencial maximizado nessa lista, onde podemos usá-la para desencadear Monastery Swiftspear e Soul-Scar Mage, para aumentar o número de cards no cemitério com Dragon’s Rage Channeler e para reutilizar com Lurrus of the Dream-Den e Underworld Breach.
Underworld Breach, inclusive, é um excelente meio de nos recuperarmos caso nossa posição de mesa seja comprometida. Mesmo que seja trazendo apenas duas criaturas para o jogo e, com sorte, ativando Mishra’s Bauble uma vez, ela já faz um excelente trabalho em oferecer card advantage, com seu potencial sendo ainda mais otimizado ao lado das nossas outras ameaças.
Se ele está desbanido, há poucos motivos para não usar Demonic Tutor. Essa única cópia permitida no formato garante encontrar qualquer peça necessária na partida e deve ser utilizado com cautela. No geral, os principais alvos para ele são Temur Battle Rage, Underworld Breach ou alguma peça de Sideboard.

Se estamos indo para o lado mais agressivo dos decks de Shadow, é natural utilizarmos Temur Battle Rage para finalizar o jogo em um “combo kill” ao lado de Death’s Shadow ou Scourge of the Skyclaves.
Ad
Uma alternativa que tenho testado para Battle Rage é Monstrous Rage, que apesar de não ter o mesmo potencial explosivo, garante atropelar de maneira permanente para a criatura, além de interagir melhor com Soul-Scar Mage e Monastery Swiftspear, inclusive para fazer essas criaturas menores desviarem de Lightning Bolt com maior facilidade.

Dez Fetch Lands parecem o número ideal para buscar as quatro cópias de Blood Crypt disponíveis, enquanto dois terrenos básicos foram inclusos para situações onde precisamos de mais mana, mas não queremos fazer concessões muito pesadas no nosso total de vida.
Uma cópia de Sunbaked Canyon e Silent Clearing também foram inclusas para aumentar a recorrência de dano em algumas ocasiões enquanto funcionam como draws extras no late-game. Apesar de se encaixar nas cores e temática do deck, Mount Doom possui um custo muito alto para exercer sua função de alcance extra em uma lista com 18 terrenos, dos quais apenas oito geram mana.
Sideboard

Grande parte do sucesso de vários decks do Timeless hoje envolvem a inclusão de Lurrus of the Dream-Den como uma ameaça complementar e excelente método de recursão. Aqui, ele exerce esse mesmo papel na lista e garante que o oponente seja punido se não separar ao menos um meio de lidar com ele em jogos de atrito.

Ad
Como utilizamos Lurrus, nosso hate de cemitério busca ser interativo com suas habilidades para extrairmos mais valor do companheiro.
Soul-Guide Lantern era um conjunto básico com Lurrus e funciona como um hate de cemitério muito eficiente para arquétipos que dependem bastante dele, como o Rakdos Breach. Por outro lado, Stone of Erech funciona melhor contra Yawgmoth, portanto, merece um espaço no Sideboard.

Alpine Moon tem Field of the Dead como alvo principal. E apenas um turno que ele atrase o uso do terreno pode ser o suficiente para nossas criaturas vencerem a partida. Blood Moon poderia ser uma opção aqui se quisermos abdicar do nosso Companheiro contra Titan Field - uma abordagem válida, visto que dificilmente teremos tempo para extrair valor da Lurrus, mas três manas pode ser um custo muito restritivo neste deck, além de limitar nosso acesso ao preto e habilitar uma jogada de Tempo positiva para a Boseiju, Who Endures do oponente.
Pithing Needle é um hate abrangente e possui uma dúzia de opções viáveis como alvo, mas as principais são Yawgmoth, Thran Physician, Oko, Thief of Crowns, Necropotence, The One Ring e Minsc & Boo, Timeless Heroes.

Duress é uma resposta eficiente em jogos não-interativos e também funciona contra Midrange e outros arquétipos onde precisamos prevenir um card-chave - ele é, também, nossa única e melhor resposta de Sideboard contra Natural Order.
Kolaghan’s Command dobra como ocasional hate de artefato contra alguns arquétipos menos conhecidos, como Boros Thopters, Hammer Time ou Affinity, além de lidar com hater específicos como Unlicensed Hearse. Ele também é nosso principal meio de reutilizar Lurrus of the Dream-Den em jogos contra Midrange e Control.
Ad

Molten Collapse é nossa resposta abrangente para ameaças que algumas de nossas remoções tem dificuldade em matar, como Primeval Titan e Atraxa, Grand Unifier, além de lidar com Planeswalkers e alguns hates ou permanentes problemáticas com valor de mana baixo.
Cinderclasm possui múltiplas funções nessa lista e é um dos cards mais interessantes de ter incluso no meu Sideboard. Ele adentrou a lista como um meio de responder positivamente à qualidade individual de criaturas como Ragavan, Nimble Pilferer e Orcish Bowmasters, efetuando uma troca de X-por-1 contra ele, além da sua habilidade de reforço permitir lidar com a maioria dos dorks do Golgari Yawgmoth.
Na prática, Cinderclasm se tornou excepcional pelas suas interações com Soul-Scar Mage, além do seu escopo de alvos aumentar significativamente conforme o formato cresce, tornando-o uma excelente peça para o Sideboard no Metagame atual.
Guia de Sideboard
Titan Field
IN
Ad

Rakdos Breach
IN

Necropotence
Ad


Rakdos Midrange
IN
Ad

Golgari Yawgmoth
IN

Zoo
INAd


Conclusão
Isso é tudo por hoje!
Em caso de dúvidas ou sugestões, fique a vontade para deixar um comentário.
Obrigado pela leitura!
— Comments0
Be the first to comment