Com o Modern se tornando gradativamente uma versão light de seu irmão mais velho, o Legacy, os novos cards lançados precisam se mostrar cada vez mais baratos, eficientes e capazes de mostrar valor em vários momentos do jogo.
Infelizmente, o set mais novo do jogo, Adventures in Forgotten Realms, tem prioridades diferentes ao do formato Moderno, trazendo criaturas que normalmente vão ter bastante utilidade balanceando o Standard após a próxima rotação, ou deixar o Commander mais divertido. Para nossa sorte, sempre podemos contar com o pessoal da pesquisa e desenvolvimento do jogo para lançar uma carta degenerada, nos trazendo o Demilich.
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Demilich entra na categoria de Free Spell, ou seja, é um card que pode ser conjurado sem ter seu custo de mana pago ou sem alterar a quantidade de mana em sua reserva, uma vez que você cumpra determinadas condições. Essa caveirinha esperta diminui uma mana azul no seu custo para cada mágica instantânea ou feitiço jogado anteriormente no turno, até ser conjurada de graça. Normalmente, isso simbolizaria ao menos quatro mágicas de custo um, mas com o auxílio de outros free spells como Lava Dart, Manamorphose e Gut Shot podemos conseguir essa criatura em campo até mesmo no turno dois dependendo do conteúdo de nossa mão.
A casa óbvia para o Demilich são decks UR focados em utilizar diversas mágicas seguidas, como por exemplo o UR Prowess, deck aclamado no momento. Mas se olharmos fundo no baú das recordações da Tia Wizards, além de momentos icônicos do seriado “Um Maluco no Pedaço”, iremos achar um deck morto a muito tempo, mas com essa mesma premissa, o UR Phoenix que agora está turbinado com essa nova adição.
Demilich já apareceu em mais de uma build de UR Phoenix no Modern até agora, conseguindo fazer resultados de 5-0 em ligas, mas a que usaremos no momento é a do jogador AHammer.
As Criaturas

O cerne desse baralho se encontra na dupla Arclight Phoenix e Demilich. A fênix surgiu faz alguns anos na expansão Guildas de Ravnica, e é caracterizada pela sua habilidade de renascer do cemitério no começo de sua fase de combate caso você tenha jogado três ou mais feitiços e mágicas instantâneas previamente naquele turno.
Essa criatura criou um deck totalmente novo e popular em torno de si, tanto no Standard e no Histórico, onde eu utilizava ela, como também no Modern. Devo dizer, tanto para mim quanto para a maior parte dos jogadores que o usavam, esse deck é considerado um dos mais apaixonantes. O modus operandi padrão dele era encontrar um jeito de jogar a fênix pro cemitério com alguma carta, como Chart a Course, e continuar conjurando mágicas seguidamente, para enfim voltar todas as fênixes do cemitério para o jogo batendo com ímpeto.
Esse deck era tudo que um Aggro sonhava, uma vez que era permeado de consistência e nunca entrava no que eu chamo de “Modo Coca-Cola de 3 litros”, que é quando o gás do baralho acaba. Com o auxílio de cards que permitiam a compra e descarte tanto do azul quanto o vermelho, o deck sempre tinha a mão cheia com várias mágicas que desencadeariam a volta de quaisquer fênix com a qual seu oponente tenha conseguido lidar anteriormente.
O deck era o puro suco de Tempo, que permitia facilmente você lidar com qualquer novidade que o oponente apresentasse ao mesmo tempo em que você fazia a manutenção de suas ameaças. Infelizmente, a desvalorização desse baralho no Modern começou a ocorrer quando baniram o card Faithless Looting, que por um custo muito baixo permitia que você aumentasse sua mão e se livrasse de cartas desnecessárias (ou de cartas que seriam boas no cemitérios, como a Arclight Phoenix).
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Coincidentemente, três é um número bem parecido com o quatro. Assim, o simples ato de você preparar sua fênix para se reerguer do cemitério é capaz de deixar o Demilich custando apenas uma mana ou até de graça, conjurando apenas uma mágica a mais. E melhorando ainda mais a composição dessa dupla, o cemitério cheio de instantâneas e feitiços é um convite extremamente apetitoso para o Demilich, que se aproveita do grave cheio em ambas as suas habilidades, permitindo que ele volte do cemitério ou que ele conjure mágicas de lá quando ataca. Assim, o ato de utilizar várias mágicas seguidas para reanimar sua Arclight Phoenix também é um ato de cuidado para a saúde da sua caveirinha gente boa.
O terceiro membro que se importa com os feitiços sendo conjurados está no sideboard. Antes parceiro natural da fênix, Thing in the Ice perdeu um pouco de sua usabilidade, mas ainda serve para conter o avanço de baralhos extremamente agressivos que utilizam criaturas como sua base, tanto na sua forma inicial que é dotada de uma grande resistência, capaz de parar ataques de criaturas pequenas, como também quando ela se transforma em um monstro e ativa a sua habilidade de retornar todas as outras criaturas que não são do tipo horror para a mão, fazendo o oponente perder ritmo de jogo.

Por fim, temos duas criaturas que não se importam com a conjuração de mágicas, mas sim com a presença delas no cemitério.
Dragon’s Rage Channeler, ou Darcy, é o novo Delver of Secrets, mas com algumas vantagens, como por exemplo a de filtrar o topo do seu deck a cada instantânea ou feitiço conjurados. Tudo isso para alcançar a mecânica de delírio, que com quatro tipos diferentes de card no cemitério transforma a Darcy numa 3/3 voadora, permitindo um ótimo encaixe de dano no oponente e uma ótima manipulação de topo quando múltiplas cópias estão em campo.
Encher o cemitério é bastante importante tanto para usar do seu Demilich, que pode ser conjurado do cemitério exilando instantâneas e feitiços junto ao pagamento de outros custos, como também para pagar o Delve do Murktide Regent, que será uma criatura com poder e resistência enormes, capaz de subverter o jogo ao seu favor com um gasto mínimo de mana, assim como as outras criaturas e mágicas no deck.
Além disso, o Regente apresenta uma sinergia muito interessante com o Demilich, ganhando marcadores sempre que a caveirinha atacar, exilando uma mágica como consequência, como quando você exilar mágicas para a renascer, o Murktide Regent ganhará marcadores e se fortalecerá graças a sua habilidade.
As criaturas presentes no deck são extremamente poderosas e, geralmente, entram por um custo mínimo, se não gratuito. Não é difícil criar pressão na mesa de jogo com essas criaturas entrando seguidamente e com o fluxo alto de mágicas crescendo elas ou habilitando sua entrada.
Free Spells

Para facilitar as criaturas do baralho a entrar em campo e a crescer rapidamente, temos uma seleção de mágicas de custo baratíssimo, mas usamos especialmente de cards que podem ser conjurados gratuitamente.
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Primeiro, falaremos de Manamorphose, que foge um pouco do padrão de Free Spell. Ela não pode ser usada quando não se tem mana disponível, diferente das outras, mas quando conjurada ela te dá a mesma quantidade de mana que ela custa em situações normais, além de te permitir comprar um card, repondo-a em sua mão. Assim, essa mágica instantânea acaba te devolvendo a quantidade investida nela, mas te permite selecionar as cores de mana que você vai receber, ao mesmo tempo que te dá uma nova peça para usar, aumenta a contagem de mágicas usadas no turno e enche seu cemitério, fazendo com que ela virtualmente saia de graça.
Agora uma mágica que pode ser usada mesmo com todas as suas reservas de mana vazias, exauridas e esgotadas é Gut Shot, que te permite pagar dois pontos de vida ao invés de seu custo de mana. Além de fazer tudo o que o deck precisa, ajudar a contar no total de cards conjurados no turno, encher cemitério e etc, também é perfeito para dar um petelequinho no oponente ou até mesmo se livrar de Noble Hierarch, Arbor Elf e outros mana dorks.
E por fim Lava Dart, que pode ser conjurado gratuitamente do cemitério sacrificando uma Montanha, que normalmente fica sobrando em campo, uma vez que esse deck usa muito poucas lands. Lava Dart é bem interessante porque muito comumente é conjurado duas vezes no mesmo turno, primeiro pagando o seu custo e logo após do cemitério, em sequência.
Compra, mesa e banho
Como já dito anteriormente, o deck compra uma quantidade exagerada de cards, fazendo sempre uma manutenção da mão, que permanece cheia ao longo do jogo, mas também precisamos de mágicas que permitam o descarte, para enviarmos a Arclight Phoenix para o cemitério, assim como outros cards que vão permitir o delírio da Dragon’s Rage Channeler ativar.

Infelizmente, não podemos contar com o Faithless Looting desde o seu banimento, mas contamos com outros cards que permitem a reposição de cards na mão enquanto descartamos o supérfluo, Izzet Charm e Chart a Course, que as vezes pode ser usado apenas para comprar dois cards, quando usado após o ataque.

Temos também várias cantrips, cards com baixo custo e que se repõem, fazendo um efeito pequeno. Nesse deck esse efeito normalmente é a manipulação do topo, nos ajudando com as próximas compras, como Serum Visions, por exemplo. Outra cantrip interessante é Thought Scour, que irá triturar cards de um jogador alvo e nos comprar um card. O alvo normalmente será nós mesmos, ajudando a turbinar nosso cemitério para o Delírio da Dragon’s Rage Channeler e talvez colocando algumas Arclight Phoenix.
Estratégia, do Francês, stratégie
O deck é cheio de características que farão uso ostensivo de uma característica de jogo chamada “Tempo”, que não se refere ao relógio e sim ao ritmo de jogo. Quando destruímos uma criatura que o oponente gastou toda a mana para conjurar, protegemos uma criatura a qual foi alvejada por alguma mágica dele, entre outras ações que prejudicam o andamento do ritmo do oponente, prejudicamos o Tempo dele, e é isso que o deck faz de melhor.
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Um exemplo de uma carta que é o puro significado de Tempo é Lightning Bolt. Com esse card podemos fazer um pouco de tudo e suprir diversos cenários. Destruir um atacante, destruir um planeswalker e no caso que vai nos dar mais valor, destruir uma Birds of Paradise no turno 1, na qual o oponente pautou toda sua esperança para desenvolver o jogo mais rápido nos próximos turnos. Em outros casos também podemos usar o Raio diretamente no oponente, causando dano nele e ajudando a fechar o nosso jogo, gerando Tempo para nós, ao invés de prejudicar o do oponente.
Outra carta que funciona parecido é Izzet Charm, que faz um pouco de tudo, premiando-o com sua versatilidade. Você precisando fechar dano para destruir uma criatura, anular uma mágica oponente ou descartar uma fênix da sua mão enquanto a renova, o amuleto pode suprir todas as suas necessidades, não importando o momento do jogo.
Sua estratégia básica é simples, achar um jeito de colocar a Arclight Phoenix no Grave, ou conseguir um Demilich em sua mão, e começar a conjurar mágicas com tudo o que você tem até conseguir colocar eles em campo de graça, para começar com os ataques.
Dragon’s Rage Channeler e Murktide Regent não são consideradas opções secundárias, uma vez que elas são fortes o suficiente para levar o jogo sozinhas e sem dificuldade. Mas ainda assim, o deck é montado para priorizar o Demilich e a Arclight Phoenix, e tanto o Regente quanto a Darcy se saem bem por consequência de como o deck é montado. Ainda assim reitero, são ótimas opções de jogo e você deve priorizar qualquer uma que apareça primeiro.
A parte difícil está em administrar o Tempo da partida, saber tomar as decisões que mais vão prejudicar o campo de seu oponente e mais vão te permitir abrir vantagem e ritmo de jogo. Quais criaturas destruir e quando, a ordem certa de mágicas a serem usadas para maximizar sua compra e o número de cartas conjuradas. Em um geral, a estratégia do UR Phoenix é simples, mas cheia de minúcias e situações que você precisa aprender a masterizar, e isso só com tempo de jogo.

O sideboard colabora bastante com seu esquema de jogo, abrindo o leque de jogadas com bounces como Vapor Snag, anulas como Flusterstorm que se beneficiam de muitas mágicas sendo jogadas previamente e muitas outras ferramentas capazes de prejudicar o ritmo do oponente, destruindo artefatos com Abrade, que também serve para destruir criaturas menores e lesando lands, com Blood Moon.
Num geral, o UR Phoenix é um deck que tem tudo para voltar ao topo, e as adições recebidas em Modern Horizons 2 e Adventures in Forgotten Realms só ajudam o deck a crescer como uma nova ameaça.
Editorial
UR Phoenix foi o meu xodózinho no Histórico quando comecei a jogar o formato no Magic Arena. Eu sempre gostei de UR e Temur como combinações de cores e considero as estratégias de Tempo as mais desafiadoras e chamativas do Magic, então um deck que une o UR Prowess com o meu pet deck do Histórico é um prato cheio para mim e eu posso dizer que me diverti pra caramba escrevendo esse artigo.
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Quem sabe com a chegada de Historic Horizons 2 no Arena não podemos fazer alguma coisa bem similar no Histórico?
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